terça-feira, 2 de agosto de 2011

"Sozinha a dois"

Meu amor, você sempre soube que coragem é meu sobrenome, e agora, mais do que nunca, vai entender que eu não blefava quando dizia que um dia eu ia sair pela porta sem olhar pra traz. Desculpa, mas não consegui me acostumar com essa vida de estar “sozinha a dois” (se é que me entende).
Quando juntamos nossas malas, eu achei que fossemos juntar também as nossas alegrias, nossos sonhos, decepções e fantasias; eu falo de cumplicidade!
Procurando essa palavra ao teu lado, eu saí da casa dos meus pais. E o problema de não tê-la encontrado é o que me faz, hoje, sair da nossa casa.
Cansei da sua indiferença e da sua frieza, não aguento mais esperar por carinho!
Fora isso, o que mais me dói é admitir que te amo, e lembrar de tudo que eu fiz por nós dois; mas eu me amo também, e não quero ficar em segundo plano; nesse ponto eu concordo com vovóantes só, que mal acompanhada”. Na verdade, pensando bem, eu sempre estive sozinha, e pra mim essa mudança é de dentro pra fora. Já você, por outro lado, não teve a mesma sorte; sua mudança vai ser de fora pra dentro (muito mais dolorida). Primeiro vai ter que aprender a viver sem mim, sentir minha falta, dormir sozinho, até então perceber que eu nunca pedi nada que não fosse meu por direito. Eu só queria ser amada, mais nada.
E aí, quando a solidão derrubar seu ego, e as suas flores chegarem pra mim com um cartão de “Volta pra casa, meu amor”, será tarde demais. Meu peito já terá expulsado você de dentro dele, e sem dúvida, nessa hora, meu orgulho será maior que o meu amor por ti.

Capitolina Pinheiro

Um comentário:

  1. Acredito que isso é um acontecimento constante na vida de muitas pessoas. Belo texto!

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