Desculpem-me
se eu não tenho o que falar, mas ninguém nunca me ensinou as palavras certas. Perdoem-me
pela falta de educação, mas a porta da gentileza nunca se abriu pra mim. Podem
me julgar mal, os que não me entenderem, afinal, eu não nasci com o dom de ser
bem recebida. A vida me passa uma rasteira atrás da outra, e da última eu ainda
não consegui me levantar.
Eu vejo os
padrões perfeitos de beleza na TV e não me identifico com nenhum. Leio típicas
receitas de bolo para se feliz, mas nenhuma delas me satisfaz. Descobri que
meus grandes heróis foram vencidos pela corrupção ou se renderam ao
capitalismo. Minha forma original de pensar nunca passou de um plágio mal feito
da ideologia de um burguês. Os números estão fora de ordem e as palavras foram
manchadas pela tempestade da madrugada.
Se o grito por
revolução não pode mais ser ouvido, é sinal de que não existe mais esperança de
salvação? Fomos engolidos pela máquina mortal (e imortal)? Eu sempre sonhei com
a Liberdade, já dizia Cecília Meireles “A liberdade é o sentimento que o sonho
humano alimenta. Não há ninguém que explique, mas ninguém que não entenda.”.
Lindo né?! Mas eu discordo. Ninguém mais entende o que é ser livre.
Liberdade foi
confundida com Libertinagem. A pornografia e o aflorar precoce da sexualidade
nos fazem desacreditar do futuro próspero da sociedade, e embaça nossa visão, prejudicando
a clareza para a nova percepção de mundo.
Mas eu nunca perco a fé.
É mais uma das
coisas que ninguém me ensinou, mas como diz o padre, fé é porta que se abre por
dentro. E sendo assim, ninguém poderia mesmo tê-la aberto por mim.
Um dia a gente
ergue os olhos. Abre as cortinas de manhã pro amor entrar. Trata com mais
carinho as crianças marginalizadas da nossa cidade. Investe pesado na educação
do país. Dá oportunidade a quem tem fome e emprego a quem tem família. Porque
no resto a gente compensa com trabalho suado, sorriso no rosto e alegria no
coração.
Ufa...
desculpem. Foi só um desabafo!
Capitolina
Pinheiro
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