Acho que eu sou quase feia. Tenho olhos castanhos, pele
castanha, cabelos castanhos... sou uma pessoa castanha, digamos assim. Não sei
fazer poses sensuais nas fotos tipo aquelas tchutchucas do facebook, mas
compenso com uma ótima conversa. Tramas e romances com meninos, vivi poucos.
Não que eu tenha vivido muitos com meninas, mas quero dizer que não sou desse
feitio que curto a vida a essa maneira. Admiro quem faz, deve ter muito mais
histórias pra contar do que eu, mas infelizmente o mundo me educou de forma
diferente.
Sou mais reservada, mais tímida, não virgem, mas não saio
dando pra todo mundo que anda de Corolla por aí. Aliás, hoje em dia isso é um
diferencial e tanto. Não sou feia de tudo, tenho lá minhas qualidades: cabelos
lisos, seios sem estria, sorriso com covinha e faço um ótimo cafuné. Uso óculos
também, isso conta como negativo, né?! Se bem que agora é moda usarem esses,
tipo os meus, grandes e redondos. Involuntariamente passei de nerd à estilosa.
Mas não ameniza a minha neura.
Uma vez um garoto me disse que eu era “mulher a longo
prazo”. Pelo que percebi, ele se referiu ao fato de que meu estereótipo não é
tão interessante, mas minha maturidade precoce e minha capacidade intelectual
são características que conquistariam qualquer cara que tenha a intenção de
arranjar companhia pro resto da vida. Não sei se tomo como crítica ou elogio,
mas achei muito pertinente a observação.
Creio que me enquadro aí: Menos sexy, mais romântica; pouco
provocante, bem previsível talvez; eu diria até que não tenho nada de mais, de
menos sim. Talvez seja esse o meu problema, ‘falta de peculiaridade na beleza
estereotipada’. Daria tudo pra ter
nascido com olhos azuis, bunda grande, cintura fina, sei lá... essas coisas que
fazem parte do padrão de beleza idealizado pelo público feminino com o intuito
de seduzir homens e invejar mulheres.
Se ler Foucault fosse sensual eu juro que seria feliz.
Capitolina Pinheiro
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