segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Os Opostos Se Atraem?


Ouço desde pequena, por todos os cantos, uma ladainha infinita que diz assim:
“Tudo que começa mal, termina mal.”
Desculpa, mas eu discordo pelo seguinte motivo:
Eu e meu amor nos conhecemos em uma roda de samba (eu odeio pagode), ele derrubou um copo de cerveja na minha blusa nova, e riu depois de ver a minha cara de desespero. Coincidentemente ele era o melhor amigo do meu primo, e desta forma nos aproximamos.
Eu odiava cheiro de cigarro, e ele fumava dois maços por dia; eu era fã do Sebastian Bach e ele tinha aversão a música clássica. Eu tocava piano, e ele cavaquinho.
Eu fazia Cinema na PUC e ele trabalhava numa locadora do centro. Ele tinha três cachorros e dois gatos, e eu tinha alergia a pelo de animais.
No fim de semana eu preferia ir pro sítio, mas ele não abria mão de pegar onda.
Ele ama o sol, eu adoro a neve; ele assiste futebol, eu odeio coisa bege.
Ele ama um bom churrasco, eu sou vegetariana
ele gosta no chão, eu prefiro na cama.
É... não sei, mas se isso não anula aquele velho ditado, eu acho muito mais plausível deixar de lado a sociologia das ladainhas e acreditar verdadeiramente na ciência, e na lei que rege o universo“Os opostos se atraem!”.

Capitolina Pinheiro

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Introspecção

Sabe aquele dia que você acorda molinha, carente e precisando de alguém pra levar café na camaEntão, eu tô assim hoje. Não estou magoada com nada, pelo contrário, minha vida vai muito bem, obrigada, mas bateu um vento forte de angústia com cheiro de solidão, que me deixou meio murchinha.
Não é falta de namorado, afinal sou muito bem resolvida quanto a isso; meu círculo de amizade anda as mil maravilhas, e eu estou razoavelmente realizada comigo mesma...
Por isso, a princípio, não há nada que justifique meu estado de espírito febril.
Então, me preocupei: imaginei estar sofrendo de depressão, sei lá. Porque, por algum motivo, todos nós fomos educados com a ideia de que é proibido ficar triste, e que temos de ser um poço de simpatia a qualquer hora, não importa o que aconteça.
Entretanto a Martha Medeiros vem explicar uma tal de “A Tristeza Permitida”, onde ela defende que a tristeza não é uma doença contagiosa, uma anomalia do humor, nem nada nesse sentido; é tão normal quanto a euforia da felicidade. E por muitas vezes, esse momento de recolhimento é imprescindível, para que façamos reflexões sobre nós mesmas, nossas escolhas, ambições e prioridades.
Tem horas que o silêncio fala mais que mil palavras” (isso é fato).
     Tá bom. Aceito, assim, de bom grado, a introspecção da minha alma.
Farei dela uma oportunidade de meditação, descanso e conhecimento interno.
Acho que tá na hora de um bate papo, tipo: Eu comigo mesma... pra pôr as coisas no lugar. Daqui a pouco eu volto a tona, com força total, nesse mundo de correria, sorrisos e relatórios para o dia seguinte.

Capitolina Pinheiro

terça-feira, 2 de agosto de 2011

"Sozinha a dois"

Meu amor, você sempre soube que coragem é meu sobrenome, e agora, mais do que nunca, vai entender que eu não blefava quando dizia que um dia eu ia sair pela porta sem olhar pra traz. Desculpa, mas não consegui me acostumar com essa vida de estar “sozinha a dois” (se é que me entende).
Quando juntamos nossas malas, eu achei que fossemos juntar também as nossas alegrias, nossos sonhos, decepções e fantasias; eu falo de cumplicidade!
Procurando essa palavra ao teu lado, eu saí da casa dos meus pais. E o problema de não tê-la encontrado é o que me faz, hoje, sair da nossa casa.
Cansei da sua indiferença e da sua frieza, não aguento mais esperar por carinho!
Fora isso, o que mais me dói é admitir que te amo, e lembrar de tudo que eu fiz por nós dois; mas eu me amo também, e não quero ficar em segundo plano; nesse ponto eu concordo com vovóantes só, que mal acompanhada”. Na verdade, pensando bem, eu sempre estive sozinha, e pra mim essa mudança é de dentro pra fora. Já você, por outro lado, não teve a mesma sorte; sua mudança vai ser de fora pra dentro (muito mais dolorida). Primeiro vai ter que aprender a viver sem mim, sentir minha falta, dormir sozinho, até então perceber que eu nunca pedi nada que não fosse meu por direito. Eu só queria ser amada, mais nada.
E aí, quando a solidão derrubar seu ego, e as suas flores chegarem pra mim com um cartão de “Volta pra casa, meu amor”, será tarde demais. Meu peito já terá expulsado você de dentro dele, e sem dúvida, nessa hora, meu orgulho será maior que o meu amor por ti.

Capitolina Pinheiro