quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Desabafo!



Desculpem-me se eu não tenho o que falar, mas ninguém nunca me ensinou as palavras certas. Perdoem-me pela falta de educação, mas a porta da gentileza nunca se abriu pra mim. Podem me julgar mal, os que não me entenderem, afinal, eu não nasci com o dom de ser bem recebida. A vida me passa uma rasteira atrás da outra, e da última eu ainda não consegui me levantar.

Eu vejo os padrões perfeitos de beleza na TV e não me identifico com nenhum. Leio típicas receitas de bolo para se feliz, mas nenhuma delas me satisfaz. Descobri que meus grandes heróis foram vencidos pela corrupção ou se renderam ao capitalismo. Minha forma original de pensar nunca passou de um plágio mal feito da ideologia de um burguês. Os números estão fora de ordem e as palavras foram manchadas pela tempestade da madrugada.

Se o grito por revolução não pode mais ser ouvido, é sinal de que não existe mais esperança de salvação? Fomos engolidos pela máquina mortal (e imortal)? Eu sempre sonhei com a Liberdade, já dizia Cecília Meireles “A liberdade é o sentimento que o sonho humano alimenta. Não há ninguém que explique, mas ninguém que não entenda.”. Lindo né?! Mas eu discordo. Ninguém mais entende o que é ser livre.

Liberdade foi confundida com Libertinagem. A pornografia e o aflorar precoce da sexualidade nos fazem desacreditar do futuro próspero da sociedade, e embaça nossa visão, prejudicando a clareza para a nova percepção de mundo.

Mas eu nunca perco a fé.

É mais uma das coisas que ninguém me ensinou, mas como diz o padre, fé é porta que se abre por dentro. E sendo assim, ninguém poderia mesmo tê-la aberto por mim.

Um dia a gente ergue os olhos. Abre as cortinas de manhã pro amor entrar. Trata com mais carinho as crianças marginalizadas da nossa cidade. Investe pesado na educação do país. Dá oportunidade a quem tem fome e emprego a quem tem família. Porque no resto a gente compensa com trabalho suado, sorriso no rosto e alegria no coração.

Ufa... desculpem. Foi só um desabafo!

Capitolina Pinheiro