terça-feira, 19 de junho de 2012

... Sobre os Livros e as Verdades!


Resposta ao texto de Matheus Fonseca:


Ok, pode vir pegar seus livrinhos. Eu tomei o cuidado de guardá-los dentro de uma caixa junto com duas camisas, umas cordas de violão e algumas anotações que estavam espalhadas pela gaveta. Pedaços seus, remanescentes aqui, que me faziam mergulhar em extrema falta de colo toda vez que o frio sacudia a cortina do quarto. E desde então, eu passei a ser companhia para a madrugada.

Você tem razão: eu nunca gostei muito de ler, muito menos esses livros que falam de coisas esquisitas. E dizem que esse tal de Sartre é um porre, mais recomendado para as pessoas que estão pensando em suicídio. Mas eu não me preocupo com isso, você é inteligente demais pra fazer esse tipo de imbecilidade. O fato é que pra mim as coisas também não estão muito agradáveis, a rotina longe da sua barba é cruel e tem doído demais ...

Mas eu não vou te ligar. E isso não tem nada a ver com orgulho, porque você sabe que eu não tenho esse tipo de atitude infantil de auto flagelação. O que está em jogo aqui não é quem tá certo ou errado, ou quem rói a corda primeiro, a discussão é maior, onde se olha o passado e se vislumbra o futuro. E o problema está exatamente aí: Não existe futuro pra nós. As coisas tomaram uma proporção que não dá mais pra controlar. Não existe saída. É por isso que um telefonema meu, a essa altura do campeonato, nem faria muito sentido.

Eu estive cega durante sete meses, mas acreditava estar lúcida e sã em todas as atitudes arbitrárias que tomei. Foi esse o meu sabotador. Quando eu menos esperava, tropecei em minhas próprias pernas e acabei quebrando o castelo de vidro que construímos juntos durante os anos. É claro que você me culpa por tudo isso, mas quando se trata de um casal, nenhum erro é unilateral. E eu também tenho a minha versão da história pra contar.

Não caberia aqui nestas linhas tão breves, e afinal de contas você nunca quis ouvir o que eu tenho pra falar - tem receio da decepção, e a pior forma de se decepcionar é consigo mesmo. Mas a verdade, cá pra nós, é que o mocinho, ao contrário do que a platéia pensa, pode ter sido o vilão, neste grande descompasso!

Capitolina Pinheiro