domingo, 27 de maio de 2012

Nem doida, nem santa !


Se engana quem acha que esse meu olhar ingênuo define o meu coração. Eu posso ser bem mais que fogo, posso me fazer vulcão. Pensas errado de mim, se acreditas no meu dom de ser boa moça. Posso não ser voodoo, mas também não me compare a nenhuma boneca de louça. É possível que eu me  entregue pra ti e lhe proporcione a melhor das noites de paixão, mas no dia seguinte eu vou embora, e te apresento ao mar negro da infinita solidão. Se quiseres assim, eu te chamo de amor, mas nunca se esqueça, se mereceres, eu conheço a pior forma de te mostrar a dor.

Na mesa e na frente dos seus amigos eu vou parecer uma dama. De madrugada, entre quatro paredes, eu me transformo numa prostituta, na cama. Eu cuido da casa e ponho sua janta todos os dias, se assim desejar. Mas quebro dos pratos ao vidro do seu carro, se me trocar por essas vadias, sem pestanejar.  Posso ser sua, vestida ou nua, se me jurar ser só meu também.  Mas dependendo da lua, e da postura sua, vou pro asfalto e aceito menos de cem. Viro mãe, se isso te fizer feliz; viro a mesa, caso contrário, como uma intempestiva meretiz. Faço charminho pra ganhar seu amor e seu coração, e de mansinho, por debaixo do meu vestido vermelho, escondo meu tom voraz de dissimulação.

Eu sei que, às vezes, esse meu surto bipolar te espanta
Mas é simples entender:

Só não sou doida nem santa. 

Capitolina Pinheiro