domingo, 26 de fevereiro de 2012

Paixão de Busão !

Quem nunca se apaixonou dentro de um ônibus, que atire a primeira pedra. Eu sempre encontro garotos bonitinhos nas idas e voltas ao centro da cidade, mas dessa vez eu confesso que senti  até aquele comichão na barriga. Tinha um acidente no caminho e o motorista teve que fazer uma trajetória mais longa que a de costume. Tempo de sobra pra trocar olhares e viver alguns minutos de paquera, ansiedade e gestos friamente calculados.

Eu estava sentada na terceira janela da esquerda, reparando na vitrine de sapatos, quando senti que alguém havia sentado ao meu lado. Num movimento quase automático virei pra ver quem era, e: MÃE DE DEUS, QUE GAROTO LINDO! Cabelo meio raspado, olhos cor de mel, boca carnuda, bronzeado de praia e gola V brancaTive um breve instante de ovulação naquele momento – Gelei do estômago à boca. E Dalí por diante todos os meus movimentos eram em função dele. Quando o ônibus fazia uma curva eu dava uma escorregada no banco e olhava pra ele, mas também não podia dar muito mole... o lance era só flertar. Ele também me olhava de vez em quando e não conseguia disfarçar a afeição pelo meu decote. Era uma olhada pra ele e uma olhada para o lado de fora. Ele fingia que estava olhando pela janela e me reparava dos pés à cabeça. Alguns minutinhos depois os olhares se cruzaram sem querer, e eu o encarei por uns quatro segundos. Foi o tempo necessário para ele entender que me agradava sua presença ali, ao meu lado. De qualquer maneira ele não disse nada, e eu nem queria mesmo que ele dissesse. E também acho que não tinha nada a se dizer...

Dois pontos depois ele se levantou, puxou a cordinha e parou na porta para descer. Enquanto o ônibus ia parando eu ia admirando (e até fantasiando) aquelas costas largas e aquela bermuda meio caída na cintura. E quando eu achava que o flerte tinha chegado ao fim ele olhou pra trás, sorriu pra mim e desceu.
Quase me arrependi de não ter dado meu número de telefone pra ele. Um bate papo depois das sete poderia ser bem legal. Quem sabe dava certo. Mas tudo bem, eu entendo. Só que da próxima vez as coisas vão ser diferentes. Se ele entrar no mesmo coletivo que eu de novo, eu mesma vou puxar o assunto. Afinal, a gente já se conhece, lembra? Sábado à tarde no 965 indo pro centro... rs

Capitolina Pinheiro

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Foi amor sim!

Tá bom, sem falsas mentiras, por favor. Aquilo que você sentia por mim não era amor? Então me explica o brilho nos seus olhos quando eu tirei a blusa pra ti pela primeira vez. Se fosse só tesão você não tinha perdido a voz, nem me telefonado duas vezes por dia durante mais de um mês. Não adianta negar, eu sentia o seu coração bater forte quando me beijava. Eu era o mar, e você se deixava ser levado pela correnteza, e se afogava. As promessas que tu me fazias, eu sei, não era todas verdadeiras. Mas as fazia de coração, com sinceridade, e eu acredito pelo menos nas primeiras. Seu sorriso não era fingido. Seu cuidado tão carinhoso comigo. Foi bem mais que amizade. Sexo não é coisa de amigo. Pode inventar desculpas, criar uma discussão banal, ou até fingir que é ciumento para justificar a sua partida, mas saiba você, que seria muito mais nobre sentar, conversar e confessar o que realmente se passa. Nada é pra sempre -  eu sempre digo isso. Os amores passam. As rotinas cansam. As brigas desgastam. E os relacionamentos enjoam. Se não dá mais pra continuar, OK. Passa aqui em casa pra pegar sua bermuda jeans e seu casaco branco e pronto. Sem show. Sem discurso de despedida. Nada disso convém a nós dois. Mas, por favor, guri, não repete pra mim que não foi amor. As coisas não aconteceriam tão rápido se fosse só encantamento. Foi bonito. Diferente. Foi feliz. Só não foi pra sempre.


Capitolina Pinheiro